Cartas para Lulu

 Salvador, 18 de outubro de 2021

Mais um dia terrível com a cabeça explodindo de culpas e receios. A cozinha tá uma baderna, as roupas não foram lavadas, e não tenho menor vontade de preparar nem minha refeição. Luma está bem, alimentada e bem cuidada, a despeito da minha condição mental é por ela que eu vivo e levanto da cama. Ela é meu norte. 

Acabei de tomar o ansiolítico , cinco gotas de paz farmacêutica. Relaxo. Com o efeito da medicação posso tomar banho com os olhos fechados e dormir sem acordar sobressaltada.

Um dos prazeres de banhar-me com os olhos fechados sem sentir medo que algo ruim aconteça só funciona se eu tiver medicada.

Tenho medos. 

Sentei com um livro e leio o prefácio rapidamente para não ser interrompida. Mas a minha preciosa companhia já identifica quando não estou conseguindo lidar com o dia, ela colabora e assiste a vídeos de tutoriais de maquiagem, ela sabe muito sobre isso e diz que quer morar no México.

Estou com vontade de comer mingau de aveia, vou fazer isso, preciso desse mimo. Lerei um livro suave até pegar no sono.